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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Harry Potter, uma saga de respeito

Imprescindível repassar minha experiência com a saga dos bruxos. Como eu, que tive uma primeira impressão totalmente equivocada, aposto que muita gente avalia erroneamente o que significa Harry Potter.
Minha avaliação, contudo, atém-se aos filmes. Os livros estão guardadinhos aqui, são os próximos da fila interminável promovida devido minha incontrolável absoluta compulsão por compras destes queridos amigos inseparáveis. E é reconfortamente ter ainda um grande respiro de HP para me entreter por uns meses, 
ah, tem spoiler. 



Harry Potter é infantil. Grande erro de julgamento de quem não conhece a série. Este pré conceito me atrasou em anos luz o conhecimento da saga.
O burburinho em torno do fim dos filmes, já no lançamento de Relíquias da Morte I, contudo, me chamou atenção. Fosse o que fosse, HP já estava na cultura pop de uma maneira sólida e sem voltas. Eu precisava, ao menos, saber de fato do que se tratava. E fui assistir aos filmes para poder acompanhar o fim da saga com a massa. Era um evento destes que quem gosta de cultura pop tem que participar.

A Pedra Filosofal foi bonitinho, bem feito. A Câmara Secreta também. Os detalhes do mundo mágico eram encantadores: os fantasmas e a decoração virtual de Hogwarts, quadribol, os quadros vivos, as fotos com movimentos, tudo muito fofo. Mas até então, não tinha me empolgado ainda.
Cheguei ao Prisioneiro de Askaban. Só o Gary Oldman no elenco, valia continuar. Na metade do filme, percebi como as coisas estavam mudando, a estória evoluía e o mundo mágico encantador - agora com criaturas fantásticas, como o hipogrifo Bicuço, se mesclava com temas mais juvenis do que infantis. Comecei entender a ideia de JK Rowling. Enquanto Harry e seus amigos crescem, os leitores também. Então, a estória evoluia a contento para manter o interesse da geração que aprendeu a gostar do bruxinho com o primeiro livro. Genial!
Ritmo frenético, viagem no tempo, Harry já um adolescente que começava a se questionar sobre as condições em que fora criado pelos tios trouxas e sua própria sina. Foi aí que, de fato, abracei a causa.
A maratona de filmes continuou. Devorei O Cálice de Fogo. No fim, não restava dúvida, nada seria como antes, como bem disse Hermione ao fim do filme.
A autora começou seu longo mergulho no tema morte. O final chocante com a morte de Cedric Diggory e a volta triunfal de Voldemort deram o tom que só pesaria ainda mais nas próximas histórias.


Mortes inesperadas de personagens fortes marcaram A Ordem da Fenix e o Enigma do Príncipe. Holy Shit, como matam os mentores do garoto assim?? este menino não vai parar de sofrer nunca?? como tiram estes atores extraordinários da trama?? Pode isto tudo ficar ainda mais trágico e sombrio??
Sim, podia.
Reliquias da Morte parte I mostrou que ainda tinha muito personagem querido para morrer. Em um filme mais intimista, não havia mais espaço para magias encantadoras ou mesmo despretensiosas. Voldemort toma o poder e babariza até os trouxas. O desapego era necessário e todos faziam grandes concessões.


Apoteótico, épico e digno dos aplausos que têm recebido em todas as sessões, o capítulo final da saga no cinema supera as expectativas tanto em técnica (edição, efeitos, trilha sonora, arte, direção) atuação e desenlace da estória. Mitos se desfizeram e grandes personagens foram dignamente destrinchados, mostrando que HP passa mais longe do maniqueímo do que outras sagas adoradas (Star Wars e Senhor dos Anéis). Ainda que, nesta altura, meus pré conceitos sobre HP tivessem todos já brutalmente destruídos, foi surpreendente.
Analisando agora, fica claro que HP é, centralmente, sobre perda e não sobre o bem e o mal. Não foram poucas as mortes de personagens importantes e que reforçaram a empatia com Harry pelo fato de ser realmente alguém destinado a perder quem amava.
Talvez tenha sido uma forma da autora exorcisar seu próprio demônio, como fizera com a criação dos dementadores - metáfora perfeita da depressão que sofreu - talvez seja apenas minha própria leitura. Mas a frase de Dumbledore na cena a la Nosso Lar (que não curti muito) diz muito do que, se existe, é parte da moral da estória: "Não tenha pena dos mortos Harry. Tenha pena dos vivos, ainda mais dos que vivem sem amor”. Isto diz algo, não?
Fiquei aliviada que as pontas tenham sido amarradas, que detalhes dos filmes anteriores realmente tenham tido relevância para o fim, que as explicações tenham sido bastante convicentes. Foi um deleite conferir que não tenha prevalecido o melodrama de auto ajuda facil ou o clichê procure as respostas dentro de você (sim, falo de Lost), enfim, que o fim de HP tenha me surpreendido tão positivamente. 
Seria uma grande pena se um trabalho tão bom de arte, direção e um elenco brilhante, britanicamente talentoso como este,  tivesse sido desperdiçado. 
Se vimos a evolução satisfatória nas crianças, que cresceram em público, mantiveram a classe e ainda se tornaram bom atores, os consagrados adultos sempre foram um charme à parte dos filmes. 
No elenco fixo Helena Bonham Carter maravilhosa fez a minha vilã preferida ever, a inesquecível Bellatrix Lastrange (e o que foi ela como Herminone disfarçada!), Ralph Fiennes deu uma alma tão sombria a Voldemort, que fica impossível imaginar outro ator encarnando o demônio bruxo das trevas (viram aquele Avada Kedavra que da em Harry, vem do âmago do avesso o cara); Michael Gambon substituindo o fabuloso Richard Harrys, que faleceu após o segundo filme, como Alvo Dumbledore, e dando o tom certo para a mudança de perspectiva da série; Maggie Smith maravilhosa feiticeira, brilhando especialmente no epílogo; Alan Rickman revelando com maestria a face desconhecida de um azedo Severo Snape, tão fundamental para a estória e para as quebras de paradigmas. 
Até nas participações não regulares, a lista sempre foi de respeito. Gary Oldman como um charmoso Sirius Black, Emma Thompson e Kenneth Branagh. E Imelda Sauton, atriz consagrada de teatro, vivendo com perfeição a mais odiada personagem dos últimos tempos: a odiosa Dolores Umbridge.

O resultado, quem conferiu todos os oito filmes, sabe bem que tem um lugar garantido na história do cinema. É para ter em casa, rever sempre, passar para outras gerações. 
Quem gosta do gênero fantasia, quem curte aventura, quem gosta de cinema, precisa um dia conferir. Valeu a pena me despir da falsa visão superficial que tinha da série.
Valeu conhecer Hogwarts!


4 comentários:

  1. Caracas, tu escreve bem! Disse um monte de coisas que eu pensava, mas não conseguiria expressar. HP marcou minha vida! O favorito é o terceiro livro. Esta saga sempre terá um lugar especial no meu coração.
    Chorei no fim!

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  2. Não assisti o último filme da saga ainda. Os cinemas estavam num caos que não animei de enfrentar fila e essas coisas todas. Vou esperar sair na locadora.
    Eu gostava mais dos primeiros filmes, depois desanimei um pouco com a história, mas não deixei de gostar.

    Gostei do post ^^
    beijos!

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  3. Falou tudo!!!
    Quando estreou o primeiro filme nem quis assistir, achava meio bobo, após insistência de amigos comecei a ler os livros deles emprestado (que na época já tinha saído até o quarto), então fiquei viciado naquele universo mágico, e todo ano era a mesma coisa, ansiedade pelo lançamento dos filmes e dos novos livros, logo que saiam já ia comprar e lia na mesma semana e já ficava na espera do próximo. Hhahaha
    Com certeza essa foi uma saga que já entrou pra história, assim como foi Senhor dos Anéis.

    Bjs

    Ricardo Braga
    Equipe ToonSeries

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  4. Obrigada, pessoal. Que bom que gostaram do texto!
    bjs

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