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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Super 8: a santa mão de Spielberg

Saudade dos Goonies e ET? A produção de Steven Spielberg para a trama de JJ Abrams garante a Super 8 um merecido espaço nas diversões juvenis inteligentes e bem produzidas, típicas dos anos 80.
Elenco juvenil caprichado, clima turminha unida de pré adolescentes com bicicletas em cidadezinha simpática, aventura, grandes cenas de ação sem exagero do modelo video game, sensibilidade e charme são alguns dos atributos do filme, que nitidamente sofre influência demarcada dos dois nomes que o encabeçam. Sorte que prevalece a marca spielberguiana. Porque vou falar: JJ pesa mão e repete cenas de outras obras de forma sem vergonha...



A certa altura do filme, parecia uma revisão de cenas das primeiras (não) aparições do monstro de fumaça de Lost, obra mais marcante de JJ, misturada com a ideia de Cloverfield. Some-se ao drama em dose quase prejudicial, percebo que Abrams tem um talento limitado. É verdade que implico com ele desde Lost, mas sejamos racionais: o cara é muito novo e fez pouquíssimas coisas para se repetir de uma maneira tão vexatória.
Imagino até o mestre ensinando ao discípulo: "agora você faz um flashback bem editado com gravações do professor para explicar que porra ta acontecendo. Porque, meu filho, as pessoas se irritam ao serem enroladas com tramas onde o suspense supera a qualidade do roteiro e da narrativa. Não deixa para a última cena ou para a imaginação do público a explicação. Você é pago para criar um roteiro completo e eu sou produtor desta bagaça. Então, faz o que eu mando, entendeu. E amarra as pontas ou te demito"    

A estória dos garotos aspirantes a cineasta, que filmam em Super 8 uma aventura de zumbia a la Jorge Romero, se passa em 1979. Figurinos e trilha sonora típicos situam o público nos primórdios do walkman - homenageado por uma cena deliciosa que faz a turma velhaca (como eu) se esbaldar de nostalgia. A filmagem, entretanto, é pano de fundo para uma trama governamental conspiratória alavancada por um acidente de trem seguido de acontecimentos misteriosos que deixam a cidade em pânico.  Neste ponto, JJ abusa do mais do mesmo e tenta reviver o lostzilla em versão alien.  
Por bem, Super 8 tem os defeitos minimizados pela marca Spielberg. Ainda que longe de sua melhor fase, o cineasta que comanda a produção é um milhão de vezes melhor do que o diretor superestimado. 
Percebe-se o tom dos anos 80, que só quem foi mestre da era, poderia imprimir com autenticidade. E esta atmosfera que mescla homenagem com reverência ao cinema garante um grande entretenimento sensível e de qualidade. (tudo bem que ele usou o alien de Falling Skies, ainda é melhor do que a maioria por aí).

Se você não conhece a turma da direita, shame on you!!!Não é um goonie!

O ótimo elenco juvenil garante empatia. Joe Lamb, Riley Griffiths e a excepcional Elle Fanning nos fazem reviver a inesquecível turma de Os Goonies. Mesmo com a mão de JJ pesar demais para o drama em alguns momentos, sobressai o astral que se consegue com carisma, não com com melodrama. Neste ponto, lembra outra aventura juvenil bem bacana: O Filho de Rambow, produção de 2007 também passada na década de 80 e que conta a produção artesanal de um filme por crianças.  


O arco se fecha com uma leve menção a ET, no fim. A criatura alien quer apenas voltar para casa (ET fone home). Em uma era bem menos leve do que os eight, é mais difícil se encantar com uma relação entre seres de planetas diferentes. Mas sentimos a aura nostálgica daqueles dias tão mais esperançosos quando o garoto entende e ajuda-o (outro ponto negativo para JJ, que oferece uma solução sem maior maiores explicações, rasa, típico). 
Melhor se apegar ao contexto. Como em ET e Contatos Imediatos, é melhor voltar pra casa do que ficar neste planeta cruel. Melhor ainda se fosse ao som de John Willians.
Ai que saudade dos 80!   




 

2 comentários:

  1. Nossa... já estava muito afim de assistir o filme e agora a vontade só aumentou! Bom ver seu novo espaço aqui, Ka. Vou já linkar no Pensando Imagem e Som se vc não se importar!

    Parabéns pelo texto.
    Há braços
    Paulo

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  2. Mas quem é vivo aos blogs retorna!
    Bem vindo, Paulo! Pensei que tinha desistido do blog!
    Abs

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